domingo, 12 de junho de 2011

Ameçados de extinção

Pois é, meus amigos. Esse ano de 2011 ainda está no final do segundo semestre. Mas cravar que ele já foi marcante pro futebol, não é nenhuma precipitação. Desde que eu me entendo por gente (e leia-se isso a: agora eu entendo o que é futebol), nunca houve tantas aposentadorias no futebol em tão curto período de tempo. Pelo menos não dos jogadores mais importantes.

Mas o que fazem jogadores levarem a alcunha de "importantes"? Ora, um jogador pode ser importante pro time de um amigo seu, mas pra você, não é. Talvez até seja o seu rival, e aí seria muito menos importante pra você. Mas eu costumo dividir jogadores importantes pro futebol em duas categorias: os jogadores mundiais e os jogadores clubísticos. Aqueles cuja espécie está quase extinta do futebol.

Quando você é moleque, e tá começando a ver e se ligar no futebol, e descobre que aquela é sua paixão de verdade, você também começa a reparar em alguns praticantes daquele esporte tão fantástico. Você sabe que eles já têm um tempo jogando profissionalmente e que um dia vão parar, afinal, toda profissão tem sua aposentadoria e a do futebol é uma das mais rápidas, infelizmente. Mas você vai crescendo e vendo que certos caras que você via quando guri, estão ainda melhores, mesmo depois de mais velhos. Sua tristeza só é saber que a cada ano que passa, é menos um que você verá aquele mito em ação. A nossa sorte é que o futebol eterniza as pessoas.

O tempo passou e caras que eu cresci vendo jogar, foram parando. Aos poucos, um a um foram se tornando pessoas normais. Gente que eu já conheci no final da carreira, como Maradona, Cerezo, Zico... E os mais dolorosos, o que acompanhei a carreira inteira, como Palhinha, Edmundo, Romário e Zidane. Neste ano de 2011, uma aposentadoria de um jogador "mundial", já previsível, mas também triste foi anunciada: Ronaldo. Talvez o maior exemplo de patrimônio mundial e não só de um país. Ronaldo fez sucesso por onde passou e ainda que saibamos que os craques são como as árvores, que morrem de pé e depois nascem outras tão belas quanto, ele deixará saudades em quem aprecia o futebol no mundo todo.

Mas os espécimes que mais me preocupam, tem três exemplares na lista mais recente de aposentadoria. Fora van der Sar que já tinha anunciado antecipadamente, Gary Neville no final do ano passado e Scholes há menos de um mês, anunciaram suas paradas. A de Giggs já é iminente há pelo menos 3 temporadas. E já tem mais um mito certo que deixará os gramados esse ano. Martín Palermo. Quatro dos jogadores mais 'clubísticos' que tive o prazer de acompanhar toda sua carreira.

"Jogador argentino consegue perder 3 pênaltis num mesmo jogo" - foi com essa manchete que conheci Palermo em 1999. Era Copa América, mais uma que o Brasil ganharia. Não foi a melhor das formas de se conhecer um mito. Depois disso ficou conhecido como o maior pereba da história por ter realizado o feito. Ms foi aí que decidi conhecer melhor a fera.

Nessa época já era jogador do Boca, mas seu primeiro auge no clube viria no ano seguinte. Calando a boca dos críticos ufanistas e gerais, Martín foi campeão da Libertadores 2000 em cima do atual campeão da época, o Palmeiras, e em pleno Morumbi lotado (aliás, lugar onde se sente em casa, diga-se), Inclusive convertendo seu penal na decisão. No final do ano, seria também campeão mundial (de verdade) marcando os 2 gols do seu time no triunfo sobre o poderoso Real Madrid estrelado. Era o "calaboca" do Titan nos brasileiros que o julgaram pelos pênaltis perdidos.

No ano seguinte, seguiu pro Villarreal mas o sucesso não foi o mesmo, e então foi pro Bétis e depois foi parar no Alavés. Todos sem êxito. Palermo apenas passou pelo futebol europeu. Voltou pro Boca pra se tornar, em mais uma passagem, o maior artilheiro do maior clube das Américas. Conquistando mais uma Libertadores, em 2007 (e comemorando mais uma vez no Brasil) e mais uma série de títulos nacionais e internacionais. Ajudando o clube a ser conhecido como 'Rey de Copas'. Palermo não se intimida com nada.



Contando também seu começo no Estudiantes de La Plata, clube da sua cidade natal e que o revelou, dá pra afirmar que Palermo foi um jogador somente do Boca Juniors. O que me faz colocá-lo entre a estreita lista dos jogadores mais importantes pra mim, que são os clubísticos.

Assim como Maldini, Gary, Scholes e Giggs, que só defenderam uma camisa na carreira. Temos ainda Del Piero, Totti, Raúl e outras lendas, que podem até ter tido passagens por outros clubes. Mas nada tão intenso e célebre quanto suas vidas nos lugares em que amam. Que brotem mais jogadores clubísticos do que mundiais no solo do futebol. Eles fazem bem às paixões dos seus torcedores!

Um comentário:

  1. Bom... Faz já algum tempo que desejo escrever sobre isso, mas aguardava o momento certo. Até que as coisas foram acontecendo, a ficha caiu e o momento chegou. É importante também salientar que um post muito emocionante do Felipe Santos, na Trivela, me incentivou e inspirou ainda mais a fazer esse.

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